Sabe aqueles apelidos e comentários maldosos que circulam entre os alunos? Consideradas "coisas de estudante", essas maneiras de ridicularizar os colegas podem deixar marcas dolorosas e por vezes trágicas. Veja como acabar com o problema na sua escola e, assim, tirar um peso das costas da garotada
A
criançada entra na sala eufórica. Você se acomoda na mesa enquanto
espera que os alunos se sentem, retirem o material da mochila e se
acalmem para a aula começar. Nesse meio tempo, um deles grita bem alto:
"Ô, cabeção, passa o livro!" O outro responde: "Peraí, espinha". Em
outro canto da sala, um garoto dá um tapinha, "de leve", na nuca do
colega. A menina toda produzida logo pela manhã ouve o cumprimento:
"Fala, metida!" Ao lado dela, bem quietinha, outra garota escuta lá do
fundo da sala: "Abre a boca, zumbi!" E a classe cai na risada.
O
ambiente parece normal para você? Então leia esta reportagem com
atenção. O nome dado a essas brincadeiras de mau gosto, disfarçadas por
um duvidoso senso de humor, é bullying. O termo ainda não tem uma
denominação em português, mas é usado quando crianças e adolescentes
recebem apelidos que os ridicularizam e sofrem humilhações, ameaças,
intimidação, roubo e agressão moral e física por parte dos colegas.
Entre as conseqüências estão o isolamento e a queda do rendimento
escolar. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o estado
emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas,
como o suicídio.
Pesquisa realizada em 11 escolas cariocas pela
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à
Adolescência (Abrapia), no Rio de Janeiro, revelou que 60,2% dos casos
acontecem em sala de aula. Daí a importância da sua intervenção. Mudar a
cultura perversa da humilhação e da perseguição na escola está ao seu
alcance. Para isso, é preciso identificar o bullying e saber como
evitá-lo.
Um perigo para a escola
Em janeiro do ano passado, Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, entrou no colégio onde tinha estudado, em Taiúva (SP), e feriu oito pessoas com disparos de um revólver calibre 38. Em seguida, se matou. Obeso, ele havia passado a vida escolar sendo vítima de apelidos humilhantes e alvo de gargalhadas e sussurros pelos corredores. Atitude semelhante tiveram dois adolescentes norte-americanos na escola de Ensino Médio Columbine, no Colorado (EUA), em abril de 1999. Após matar 13 pessoas e deixar dezenas de feridos, eles também cometeram suicídio quando se viram cercados pela polícia. Assim como o garoto brasileiro, os jovens americanos eram ridicularizados pelos colegas.
Os exemplos de Edmar e dos garotos de Columbine, que tiveram reações extremadas, são um alerta para os educadores. "Os meninos não quiseram atingir esse ou aquele estudante. O objetivo deles era matar a escola em que viveram momentos de profunda infelicidade e onde todos foram omissos ao seu sofrimento", analisa o pediatra Aramis Lopes Neto, coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, desenvolvido pela Abrapia.
Um perigo para a escola
Em janeiro do ano passado, Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, entrou no colégio onde tinha estudado, em Taiúva (SP), e feriu oito pessoas com disparos de um revólver calibre 38. Em seguida, se matou. Obeso, ele havia passado a vida escolar sendo vítima de apelidos humilhantes e alvo de gargalhadas e sussurros pelos corredores. Atitude semelhante tiveram dois adolescentes norte-americanos na escola de Ensino Médio Columbine, no Colorado (EUA), em abril de 1999. Após matar 13 pessoas e deixar dezenas de feridos, eles também cometeram suicídio quando se viram cercados pela polícia. Assim como o garoto brasileiro, os jovens americanos eram ridicularizados pelos colegas.
Os exemplos de Edmar e dos garotos de Columbine, que tiveram reações extremadas, são um alerta para os educadores. "Os meninos não quiseram atingir esse ou aquele estudante. O objetivo deles era matar a escola em que viveram momentos de profunda infelicidade e onde todos foram omissos ao seu sofrimento", analisa o pediatra Aramis Lopes Neto, coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, desenvolvido pela Abrapia.
post: Vinícius D. Silva
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